segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

O que importa é ser feliz?

       Quis anteriormente falar um pouco sobre o sofrimento para entrar no assunto que acredito que o título já entrega. Quantas e quantas vezes somos "ensinados" a corrermos atrás daquilo que nos faz bem porque "o que importa é ser feliz". Detalhe, tem que fazer-nos felizes porém só coisas daqui do "mundo", nada de Igreja, nada de Jesus, nada disso porque é "perca de tempo" e "não agrega em nada". Que liberdade, não é mesmo?
         E nessa busca constante pela felicidade perdeu-se o sentido e a importância do sofrimento, e nos transformou em seres que não suportam uma contrariedade, um desconforto, deixando-nos mimados e birrentos, e a Verdade deixou de ser buscada pois ela trás consigo a dor. Todo cristão sabe - ou deveria saber - que a medida das coisas não é a felicidade, mas que a Verdade está acima da felicidade sempre. A Verdade é uma Pessoa, Cristo - com sua moral clara e infinito perdão e misericórdia -, enquanto a felicidade é um sopro. E uma vez que essa Verdade é negada, o céu, tudo o que é infinito é negado, e por fim, a salvação. A Verdade nos diz "Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome sua cruz e me siga. Pois, quem quiser salvar a sua vida, vai perdê-la; mas quem perde a sua vida por causa de mim, vai encontrá-la" (Mt 16, 24-25). São Luís Maria Grignion de Monfort nos diz na Carta aos Amigos da Cruz: 

"Tendes aí meus queridos associados. Tendes aí os dois partidos que se apresentam a vós todos os dias: o partido de Jesus Cristo e o partido do Mundo. A vossa direita tendes o nosso Amável Salvador. Este, avança para uma estrada bem mais estreita e dificultosa devido à corrupção do mundo. A testa da fila vai ao Divino Mestre, de pés nus, com a cabeça coroada de espinhos como o corpo, coberto de sangue e carregando a pesadíssima Cruz. Só um punhado de pessoas o segue e essas são efetivamente corajosas. Enquanto aos restantes, ou a sua voz não chega até elas devido aos tumultos do mundo ou então não se tem coragem de seguí-lo na pobreza, na dor, na humilhação e nas outras cruzes que todos os dias da vida, obrigatoriamente, é necessário carregar com Ele.
A vossa esquerda tendes o partido do demônio. A primeira vista este é o mais numeroso, mais esplêndido e atraente do que o outro. A elite dos indivíduos corre atrás dele, acotovelando-se apesar do seu serem caminhos largos e espaçosos devido às multidões que por lá passam como torrentes. É uma estrada toda coberta de flores, rodeada de diversões e prazeres, coberta de ouro e de prata. A direita o pequeno rebanho que segue Jesus Cristo falam só de lágrimas, de penitência, de oração e de desprezo do mundo. Os mundanos, pelo contrário, parecem encorajarem a perseverar nas suas maldades sem escrúpulos. Todos os dias gritam os seus slogans: “a vida, a vida, vivamos a vida! Paz, alegria, comamos, cantemos, dancemos, divirtamo-nos! Deus é Pai de Misericórdia e não nos criou para depois nos condenar. Deus não nos proíbe o divertimento, por isso não seremos condenados. Nada de escrúpulos, portanto! Não, não morrereis.”".

        Nada mais importa do que o céu. Nada mais importa! Que grande honra é sermos os membros do Corpo de Cristo. E por tão nobre título é justo que muito custe o que muito vale; que nos custe também uma participação no carregamento da cruz. Se a testa da fila - Jesus - é coroada de espinhos, será que é justo que os membros - nós - sejam coroados de rosas? Se a testa está escarrada coberta de sangue no calvário será que é válido que os membros estejam cobertos de perfume no trono real? Foi a Verdade que te deu a vida, que sacrificou por ti, morreu por ti. Essa mesma Verdade que te deu uma nova chance de viver a vida eterna mesmo que depois expulsos do paraíso. Quando aceitamos a Verdade à nossa felicidade, é como dois rios que se encontram formando apenas um para serem despejados no imenso oceano e se "perderem", deixando de serem aquilo que eram passando a ser aquilo que foram destinados a serem - deixaram de ser um pequeno rio para caminharem ao oceano que os guardava. Já o contrário nos leva a ser como uma pedra dura que não caminha a favor das correntes mas se estagna, sem uma finalidade, sem rumo, não se mistura por entre as águas mas passa ao redor dela pois não são a mesma coisa. Enquanto a água se mistura e se "perde" dentro oceano, deixando levar-se e penetrar-se inteiramente por ele, a pedra recebe somente os toques por fora e a água não consegue invadí-la, pois esta é tão dura por dentro que as correntes não conseguem entrar.    
        Despeço-me com uma pergunta que Nossa Senhora fez à Santa Catarina de Siena:

“Filha, deverás usar estas duas coroas, uma em seguida da outra. Usarás a coroa de espinhos enquanto viveres neste mundo, para receberes a de pedras preciosas na eternidade, ou preferes usar a coroa de pedras preciosas nesta terra, e depois receber a de espinhos no outro mundo? Faze tua escolha.”.

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2020

O Amor que dá a Vida

         No Calvário havia três cruzes: a do mau ladrão, a do bom ladrão e a de Nosso Senhor. Isso para dizer que, neste mundo, sofrem os duros de coração, sofrem os maus arrependidos e sofrem os justos inocentes. Sofrem todos
         Todos são 'convidados' a viver e a suportar a Cruz que se encontra mas só alguns entendem que a Cruz é um mistério da Imitação de Cristo. E não é somente "ah, Cristo sofreu então temos que sofrer também", mas atribuir um sentido sobrenatural, místico que nos ajuda e confere um significado para tudo o que está debaixo dos nossos olhos; o que é mais difícil pois não somos capazes de enxergar com esses "outros olhos" mas somente com o auxílio da graça.
          A verdade é que o caminho da Cruz é o caminho que Deus escolhe para os seus filhos e é um caminho nobre porque foi feito, trilhado, desenhado pelo próprio Deus aqui na terra. É um caminho que converge à todos mas somente aqueles que temem a Deus sabem viver misticamente o sofrimento com amor
      Quando eu me deparo com pessoas doentes, pessoas que vivem em uma profunda miséria, em situação de guerra ou algo nesse sentido, sinto a presença de Cristo inebriar, não talvez porque eles acreditem nEle ou vivam com fidelidade os seus mandamentos, mas porque o sofrimento fez parte da vida de Cristo, porque foi o caminho único que O levou a eternidade, então não tem como não sentir o cheiro do próprio Deus perto de mim, o cheiro do caminho da Cruz que me levará a eternidade.
      Da mesma forma somos nós. Se sou capaz de enxergar dessa forma no outro, ao me deparar com o meu próprio sofrimento, não tem como eu não me assemelhar ainda mais a Cristo e saber que estou no caminho certo para onde devo ir, para voltar para casa. Então sentimos o cheiro mais forte porque Cristo está dentro de nós. Eu diria mais: nós somos o próprio Cristo. Então, dessa forma, quanto mais Deus nos ama mais sofrimento Ele nos dá e a força vem com a medida dos nossos sofrimentos. O sofrimento tornou-se maior não pelo desprezo e falta de amor que Deus tenha por nós mas se somos capazes de amar mais, então teremos que sofrer mais pois eu só sei a medida do amor que alguém tem por mim a partir do que ela é capaz de sofrer por mim. 
        Se queremos provar à Cristo o quanto O amamos teremos que sofrer para provar desse amor. Não tenhais medo da intensidade com o que o sofrimento há de chegar em ti, pois a medida que cresce o sofrimento, cresce o Amor divino em nós. Com esse amor divino seremos pacientes, prestativos, misericordiosos, humildes, não nos encher de orgulho ou ensoberbecer, tudo esperar e tudo suportar, não irás procurar o teu próprio interesse mas se esvaziar de si mesmo e encher-se daquilo que é eterno. Entenda que o sofrimento faz parte da realidade e que só o amor nos torna aptos à vencê-lo. Desfazer-se do amor para escapar ao sofrimento é como desfazer-se da água para escapar à sede. O Amor é uma Pessoa e É Ele que dá sentido a todas as coisas, é Ele que nos dá a Vida Eterna.         

quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

O amor divino encarnado

           Tenho refletido muito a respeito de como a beleza eterna pode invadir o nosso cotidiano transformando todas as coisas e pessoas em um pequeno caminho para o céu. Lembrei-me do primeiro capítulo do Evangelho de São João: "No princípio era o Verbo, o Verbo estava voltado para Deus, o Verbo era Deus [...] e o Verbo se encarnou e habitou entre nós. Guarde esta palavra: encarnou.
                   A beleza eterna é rodeada de um infinito amor divino. Amor porque Deus É o amor, e divino porque Ele é Deus. O amor divino que supera todas coisas, que é paciente, prestativo, que não é invejoso, paciente e orgulhoso. Não guarda rancor, não se irrita, nem busca seu próprio interesse. Mas tudo crê, tudo espera, tudo suporta (1Cor 13). Nós somos incapazes de amar dessa forma, somos incapazes de configurar a partir de nós mesmos e gerar esse amor que é de origem divina porque somos feitos do pó da terra. Mas tudo mudou.
                   Quando Jesus encarnou no seio de Maria Santíssima, Ela guardou o céu em seu ventre. Assim, Ele conseguiu trazer tudo o que é divino e eterno no meio de nós. A paciência, a humildade, a obediência, a justiça, a verdade, a bondade, a mansidão encarnaram-se trazendo a beleza eterna e habitando na beleza cotidiana. Aquilo que parecia ser impossível aos homens, porque era limitado em Deus no céu, encarnou-se em uma Pessoa e se encarna em nós. Nós participamos desse mistério divino sem perceber. A cada instante esse mistério vem para os nossos olhos nos permitindo saborear um pequeno céu aqui na terra que Cristo nos dispõem conforme o quanto merecemos. Isso acontece quando somos pacientes no sofrimento ou com outro, quando servimos um pedido com alegria, quando não nos irritamos facilmente e suportamos essas agonias em silêncio, quando sorrimos, tudo isso vencendo a nós mesmos nos aperfeiçoando por Cristo, pois todas as coisas estavam escondidas, mas foram encarnadas.
                   A santidade remete a isso: em aceitar todos esses mistérios cotidianos e em sofrer tudo com amor e não com aborrecimento e desgosto, pois se estais provando disso, sabeis que é para a tua santificação, sabeis que serás semelhante a Cristo. Trata-se de abraçar tudo isso com submissão as cruzes que Deus nos dispõem a cada dia, que se encarna e habita entre nós. Porém, se o nosso centro é o amor próprio, viveremos em uma pobreza abundante que não concorda com a ordem divina. Encontrar a Cristo encarnado nas pequenas coisas e mais comuns é ter uma fé grande e extraordinária, pois o teu amor por Ele é tão grande que tu O percebes até mesmo em pequenos detalhes, pequenos afazeres e coisas comuns do dia a dia. Por isso, não desanimeis, sei que lês as histórias dos Santos, e vês o quanto eles foram grandes e místicos e te bate um grande desânimo, mas saibas, se és capaz de enxergar o Deus Vivo encarnado nas pequenas coisas terás dentro de ti um grande Amor e então com toda essa intensidade suas obras serão extraordinárias diante dEle. O seu amor é como um mar imenso impossível de se esgotar e que recebemos na medida que aumentamos nossa fé. Por isso, mergulhai, mergulhai nesse mar extenso... quanto mais entrastes mais extenso irá encontrá-lo e mais irá desejá-lo até o dia em que O encontrá-Lo, mas enquanto isso, saboreie esse oceano infinito aqui na Terra que só terá fim na Eternidade.   

quinta-feira, 9 de janeiro de 2020

Sobre o título do blog

        Muito do que eu faço gosto de atribuir um sentido, especialmente um sentido sobrenatural para facilitar o meu entendimento sobre as coisas, melhorar a minha entrega e a minha doação a partir desse sentindo.
           Bom, escolhi esse título porque é uma das formas que tenho enxergado a minha vida e caminhada em Cristo. Sempre entre rosas e espinhos. A rosa como um todo transborda um perfume delicioso, lembra-me o amor, a beleza, tudo o que há de bom e belo. E os espinhos as dores, sacrifício, sofrimentos. Mas não é só isso que encanta. Uma vida em comunhão com Deus requer muitas cruzes, espinhos, sofrimentos, sacrifícios mas o doce perfume da rosa me faz seguir em frente e caminhar com ternura e a alegria demonstrando a real beleza e alegria que é viver em Cristo.
          Isso é interessante pois quem caminha diariamente nessa missão, já foi surpreendida algumas vezes em sempre dizerem que "exalamos" Cristo às pessoas, o doce perfume que nos penetra não no corpo, mas na Alma. Mas por entre essas rosas, o espinho é inevitável. Nos faz enxergar que diante de toda a beleza e ternura que guarda esta flor, há um caminho cheio de dores, sacrifícios e sofrimentos. Gosto da pequena analogia que faço ao meu coração coberto como uma Coroa de Rosas. Por fora, deixo a beleza, a cor e a ternura delas irradiarem as pessoas para que sintam esse perfume doce e suave mas por dentro os espinhos remetendo as minhas misérias, egoísmos, orgulhos para somente Aquele dono de meu coração os soubessem. O meu coração é meu e o meu rosto é das pessoas. O coração é meu pois é onde se encontra todos esses defeitos e pecados que as pessoas não merecem ver. Mas o meu rosto que expressa alegria, felicidade em meio a esses espinhos devem conquistar as pessoas a fim de que elas também queiram fazer parte deste caminho. Não se assustem que uma vida com Deus é uma pura falsa propaganda de uma beleza que não existe, mas existe sim! Todos nós precisamos passar por entre esses espinhos se um dia quisermos ser colhidos no Jardim da Eternidade, mas estarás acompanhada daquele que é verdadeiramente suave e bom.
         Sim, você irá dar de cara com um caminho imenso de rosas. Quando entrar nele, vai sentir as dores nos seus pés mas o seu perfume, isto é, a graça de Deus vai te fazer suportar tudo por amor a Ele e Sua honra, porque Ele merece!

quarta-feira, 8 de janeiro de 2020

Olá, prazer!

                    Olá, prazer! Meu nome é Gabryelle, tenho 19 anos e sou católica. 
                Para iniciar essa minha caminhada na escrita quero começar com apresentações a fim de que saiba quem eu sou e quem está escrevendo para você. Para continuar melhor a minha apresentação, o intuito do início desse blog veio a partir de uma dica de um bom psicólogo que para pessoas que possuem um temperamento como o meu, buscarem melhor a escrita para melhor organizarmos e nos conhecermos. Espero que ajude, não só a mim mas de alguma forma a você pois quero tratar questões da fé católica e do que eu tenho vivido e do que eu busco viver.
                  Sou uma católica e sou recém convertida. Bom, considero 1 ano e 5 meses ainda como recente. Nasci em um berço católico mas tive a "determinada determinação" de buscar a viver de verdade o catolicismo em agosto de 2017. Hoje não me vejo de forma nenhuma fora da Santa Mãe Igreja, que tem me ajudado tanto, e somente amá-la de todo meu coração e rezar por ela são as minhas formas de agradecê-la. 
            Mas o que me difere de tantas outras pessoas que se dizem ou são católicas? Bom, foi-me concedido grandes graças e missões a cumprir aqui. Foi-me dado então um dia será cobrado. Deus dispõe de diversas graças especiais a cada um de seus filhos, que é o que nos torna único. Então, diante de tudo o que já me aconteceu, só posso retribuí-Lo amando-O de todo o meu coração, de toda a minha alma e de todo o meu entendimento. Quero te convidar através das minhas pequenas coisas do dia a dia, das inspirações de Deus em minha vida, conforme for escrevendo aqui para vocês, e enxergarem a Beleza Eterna pela Beleza Cotidiana. A buscarem e saborearem o amor divino que nos transforma, que nos faz sair de nós mesmos e nos esvaziarmos, pois é que o Deus, por sua infinita bondade tem feito em mim.
           Todos nós estamos nessa caminhada juntos. Todos nós devemos buscar a santidade diariamente, a conversão diariamente, abandonar-mos na providência divina e acreditar que Ele tudo sabe, tudo pode e que sua vontade é perfeitíssima em nossas vidas. Não é fácil. Por isso que eu preciso de você, nós precisamos de Cristo!